Eu nunca tinha ido a Foz e todos que já visitaram disseram que era muito lindo e emocionante ver as quedas d'água. E realmente, ao procurarmos vimos que era o único destino que ainda tinha um vôo inclusive consideravelmente folgado, já que era semana de carnaval pra completar. Compramos correndo os bilhetes mas, para nossa surpresa e depois dos bilhetes comprados, notamos que todos os hotéis de Foz estavam lotados. Não adiantava... ligamos pro serviço de informações do aeroporto, olhamos nos milhares de sites de busca... a solução era se hospedar no Paraguai. No Paraguai??????? Ó céus! meu aniversário será um fiasco!!!! Os astros não vão entender nada, ano passado em Manhattan, esse ano em Ciudad Del Est. Uma decadência sem fim! Foi uma semana demorada essa que esperei para ir pra Foz. Estava muito preocupada...
Chegando o dia e já com as malas no aeroporto de Foz, fomos para a fila da Localiza achando que a coisa mais normal seria alugar um carro pra nós quatro e partir pro hotel. Na-na-ni-na-não! Não podem alugar carros brasileiros para irmos ao Paraguai porque o seguro não cobre. Muito perigoso, diziam os taxistas quando pedimos para nos levar até o hotel. Tivemos que pagar R$100 por uma corrida de quinze minutos só porque íamos atravessar a Ponte da Amizade. Já eram 22h e não tínhamos nem disposição nem opção. Fui preocupadíssima ouvindo as estórias terríveis contadas pelo motorista.
Chegando no hotel, que eu já esperava mesmo que fosse uma espelunca com carpetes rasgados e sujos e paredes cheirando a mofo, a primeira surpresa: hotel ótimo com pessoal simpático e atencioso. Quartos enormes com vista pro Rio Paraná (aliás, na beira do rio), banheiro limpo e novo, tudo superando expectativas. Ao descermos para jantar, comida deliciosa, carne macia e suculenta, vinho bom. Ufa! Até que estava começando a ficar divertido!
Aos poucos fomos vendo que o Paraguai não era tão ruim como pintavam e começamos a relaxar. Alugamos um carro por lá mesmo no dia seguinte, bem mais barato que no Brasil. Pagamos US$60 pela diária de uma pickup automática que o próprio dono da locadora levou ao hotel.
A área de compras foi um capítulo à parte. A zona franca é de verdade. Uma loucura. Do contrário do que muitas pessoas pensam, a zona franca tem mercadorias originais, a preços impressionantes. Havia sim mercadorias falsificadas, que eles classificam como "réplicas", mas avisavam e essas mercadorias eram mais baratas.
Geralmente é permitido pagar com cartão de crédito, mas é cobrado um acréscimo de 5% por conta da taxa cobrada pela administradora.
Flavio, como era esperado, bombou nas compras. De telefone, tablets, home theaters a ventiladores e cosméticos. Tudo é vendido ali. Flávio comprou um Galaxy, um telefone e mais algumas besteiras. Acessórios de video game, cabos, decodificador de canais, foi um exagero.
Chegamos a dar um pulo no free shop da Argentina, mas não vale a pena. Lotado, quente e nada demais. Os preços são os mesmos do aeroporto. Vale a pena só para comprar bebida. Mas sinceramente, tem que ser muita pra valer o combustível até lá e a fila.
Compras à parte, a grande atração é o parque das Cataratas. Isso sim, é um espetáculo. Uma real maravilha da natureza. A quantidade de água, o barulho, o cheiro, tudo é impressionante. São dois parques distintos, um do lado do Brasil, outro do lado da Argentina. O lado da Argentina tem uma vista mais bonita e você entra lá na Garganta do Diabo.
O lado brasileiro é mais limpo, organizado e patrocinado pelo Itaú. Está muito bem cuidado, tem um serviço ótimo.
Há alguns passeios para fazer lá. Rapel, rafting em algumas partes das corredeiras, passeio de helicóptero bem pertinho das quedas d'água. Leve dinheiro porque não aceitam cartão e tudo é caro. Mas você provavelmente não vai voltar lá, então faz uma força e paga pra conhecer.
No dia do meu aniversário procuramos um restaurante melhorzinho pra jantar. Fomos ao Shopping Ciudad Del Este e conhecemos o italiano do último andar. Realmente foi bom. Conseguimos até tomar um Chateneauf-du-Pape, no Paraguai! A comida também estava boa.
Infelizmente não consegui conhecer Itaipu.
Na hora de voltar bateu o medinho... será que seremos taxados? Tínhamos que passar pela ponte da amizade para voltar ao aeroporto, com toda a bagagem. Nada. Ninguém nem olhou pra nossa cara. Não sei se for sorte ou se é escancarado mesmo. No entanto, cuidado! - no aeroporto tem raio X no check in. Toda a bagagem, inclusive a de mão, passa ali e está sujeita a taxação no check in. Não fomos taxados e não nos pediram para abrir as malas, mas tínhamos mais que o permitido. Mais informações sobre as taxas em http://paraguaicompras.com.br/dicas.
Flávio no fim de semana seguinte queria voltar para comprar o que ele acha que faltou. Eu cortei. Mas adorei o passeio e acho que valeu a pena ter ficado no Paraguai. O preconceito acabou.